Dom Emanuel comenta a escolha do papa Francisco

Dom Emanuel comenta a escolha do papa Francisco

Na manhã desta quarta-feira, dia 14, o bispo diocesano dom Emanuel Messias de Oliveira convocou a imprensa da cidade para uma coletiva. Dom Emanuel, confessou que também ficou surpreso com a escolha do argentino. “Quando me perguntavam sobre os candidatos, falei que o meu candidato era outro, um italiano de altíssima competência que conheço pessoalmente, 71 anos de idade. Mas, falamos de candidatos do lado de fora, a Igreja não é política nesse sentido de fazer candidato, a gente fala de eleição dentro do esquema que a Igreja faz na forma secreta para não vazar coisas antes da hora. Não que tenha segredos, mas que a coisa seja feita de maneira bem feita com espaço para oração, bem estar e refletir”.

Dom Emanuel afirma que a sua expectativa durante o conclave era a de quem iria escolher o novo papa seria o Espírito Santo através do voto dos cardeais. “Deus age através dos homens, acredito que vai ser o papa de que a Igreja precisa no momento atual. Então com a escolha de um latino-americano o mundo inteiro ficou surpreso, primeiro porque era totalmente desconhecido das vistas habituais que a imprensa ou a mídia apresentavam; e segundo que tem 1300 anos que a Igreja não escolhe um papa não europeu; é significativo”.
Francisco é um homem conhecedor dos documentos da igreja latino-americana, uma igreja progressista em relação à Europa, como acredita dom Emanuel. “Então acho que tem um significado muito grande na linha da abertura e da renovação. Achei fantástico o que a gente ouviu e o que a gente sabe sobre o papa Francisco. Ele não era muito conhecido, mas eu já tinha notícia de que na Argentina havia um cardeal que andava de metrô e fazia a própria comida. Um cardeal é um posto, é lógico que em termos de hierarquia o cardeal é bispo, como até ele expressou muito bem ‘bispo de Roma’. E ele representa um homem muito simples com tendência franciscana de um homem simples, pobre e humilde”.
Sobre a escolha do nome Francisco, dom Emanuel considera que foi muito bem pensado. “Faz referência a dois, pelo menos. Um até menos importante, que é São Francisco Xavier, mostrando que será um papa missionário. E São Francisco de Assis, ao viver a simplicidade da Igreja e a renovação”.
Sobre a primeira aparição de Francisco, o bispo diocesano afirma que os fiéis já viram algo diferente, apesar de não conhecê-lo profundamente. “Com sua empatia com o povo, entrava em sintonia. De comunicação fácil, fala absolutamente simples. Suas expressões foram em torno do bem, mesmo em uma fala improvisada. O papa ainda pediu a bênção do povo, é a primeira vez que a gente viu e todos entraram em oração por ele. Tão acostumado a viver no meio do povo que traz muita esperança para nós”.

 

Desafios e polêmicas


Questionado a respeito dos desafios do novo papa, após um dossiê preparado no ano passado, a pedido do hoje papa emérito Bento XVI, sobre irregularidades na Cúria Romana, dom Emanuel acredita que a Cúria Romana necessita de renovação. “Acredito que são irregularidades do Banco do Vaticano, pelo que me parece. Então essa palavra renovação na Cúria é uma palavra forte que até esperava que o João Paulo II faria e acabou não fazendo. O (papa) Bento XVI foi mudando muita coisa devagarzinho, no silêncio, dentro e fora da Igreja; inclusive alguns bispos que estavam vivendo nas dioceses muito desorganizadas e pediu a renúncia deles”.
Sobre a posição de Francisco com temas tidos como polêmicos, na Igreja Católica, dom Emanuel afirma que há certas coisas que a mídia olha de um modo e a Igreja de outro. “Estão falando que ele vai ser um papa conservador, então um papa conservador na linha de abertura para as coisas do mundo que são contra a ética; isso vamos ter sempre, porque a Igreja preserva a ética e aquilo que tem fundamentação bíblica”.
Quanto a outros temas também discutidos, o papa Francisco poderia ser favorável com a facilidade de comunicação. “Muita coisa que a gente pensa que o papa poderia abrir, ele não vai abrir, agora tem coisas que tem possibilidade, por exemplo, pode ser pensado dar oportunidade de um diálogo com relação ao casamento dos padres, a uma posição melhor da mulher na igreja, pelo menos, que sejam diaconisas como já havia no início da Igreja. Acredito que ele vai favorecer e muito a abertura e o diálogo”.

 

Papa brasileiro


Apesar de grande expectativa em torno da escolha do cardeal dom Odilo Scherer, tido com um dos favoritos, o bispo afirma que não ficou surpreso com o fato de ele não ter sido escolhido. “O conheço, é austero; descendente de alemão, muito competente e realmente a mídia apontou ele como favorito. Mas, a escolha de Francisco traz muito mais esperança do que se fosse o Odilo”.

 

 

Texto: Diário de Caratinga

Com adaptações