Jovens para o trabalho

05/06/2013 21:18

“Na pós-modernidade, tudo se liquifez, menos os estudos e o trabalho” (Foto: Reprodução)

 

Na pós-modernidade, tudo se liquifez, menos os estudos e o trabalho. Nenhuma força coercitiva arranca o jovem do comodismo eletrônico do quarto para desespero das igrejas e dos movimentos de jovens. Movem-nos o prazer e o gozo. Lá fora a política grita e os ouvidos permanecem moucos. Poucos vestem a camisa de algum partido ou causa política. Parecem pertencer a passado longínquo aquelas mobilizações coloridas e barulhentas que agitavam as bandeiras de Diretas – já e de outras reivindicações políticas. Hoje a festa os reúne para cantar, para extravasar o sofrimento reprimido no coração pela falta de sentido e pela dureza do cotidiano.

No meio ao mundo de sedução e de atrações prazerosas, o trabalho e os estudos persistem impondo pesados sacrifícios. Admirável ver, ao cair da noite, multidão de jovens que trocam a dureza do trabalho diurno pelos estudos noturnos. Lá estão eles, cambaleando de sono, sentados, atentos ou não, nos bancos escolares, nas faculdades pagas a duras penas. Que querem?

Sem muitas análises da realidade social, intuíram que entramos na sociedade do conhecimento. Se lá nos tempos idos da roça, bastavam um mínimo de habilidade e a força física para bem jovem construírem uma família, hoje essas chances apenas existem em rincões perdidos. Aí já não sorri nenhum futuro. Por sua vez, aparecem nos jornais pedidos de mão de obra qualificada. Encontram-se pelas ruas jovens desempregados por falta de posto de trabalho e outros sendo disputados por empresas modernas.
Moral da história: cada vez se exige da nova geração maior preparo em termos de conhecimento. Campo promissor situa-se na tecnologia da informação e da comunicação. Os conhecimentos livrescos perdem espaço para novas capacidades. Em certa fábrica, o teste de seleção consistiu pôr os candidatos diante de sofisticada máquina desconhecida para todos eles. E deram a cada um o manual de instrução. Foram aceitos os que conseguirem pô-la a funcionar, conjugando a dupla habilidade de ler um texto e sabê-lo traduzir em prática.

Em nível superior, as exigências saem do mero aprendizado para pedir capaz criativa. O futuro dos melhores empregos situa-se no campo dos criadores de conhecimento. Milhões e milhões usam o Windows, mas pequena elite, trancada nas salas encantadas da Microsoft, gasta horas e energias na sua confecção. Numa palavra, os produtores de softs, a saber de conhecimentos, ascendem aos altos postos em termos de salário e de poder ideológico. Lá se joga o futuro da cultura mundial. Preparar os jovens para o trabalho inclui hoje introduzi-los e adestrá-los para manejar e até mesmo criar sistemas eletrônicos complicados, arrancando-os do puro aprendizado de memoratização tão comum em escolas tradicionais. Necessitam aprender a pensar.

 

João Batista Libâneo