A fé no ontem e no hoje

28/12/2012 09:47

“Cristão alegre é aquele que tem fé”(Côn. Manuel) 

A Sagrada Escritura está cheia de grandes momentos de fé. Desde Abraão, que foi pedido que sacrificasse o filho (Gn 22, 1-19) até Tomé que acreditou porque viu (Jo 20, 19, 31). A fé se apresenta em vários momentos, tanto de alegria como de dor. A alegria dos dez leprosos ao se verem curados (Lc 17, 11, 19), o espanto da viúva de Naim que vê o filho ressuscitado (Lc 7, 11-17), a beleza da parábola do filho pródigo, que o pai sempre teve fé de o ver de volta (Lc 15, 25-30), a mulher pecadora que ouviu as palavras suaves de Jesus ‘... se ninguém te condenou Eu também não te condeno’ (Jo 8, 3-4), são, entre muitos, momentos para vivenciarmos nossa fé no Deus que é Pai Filho e Espírito Santo. Daqui podermos entender as palavras de Jesus, ditas na carta aos Romanos: “Eu dei a cada um uma medida de fé” (Rm 12, 3). Rosicleide David nos assegura: “Torna-se possível ver Deus por todos os cantos quando você nota que Ele também está dentro de você”. Tenha fé mesmo que seja simples e humilde. Jesus foi tão espontâneo ao dizer tenham fé como um grão de mostarda, a menor de todas as sementes (Mt 17, 20 ; Lc 17, 6). O teu impossível para Deus é possível. Como é bom ter fé.

Vendo e ouvindo estas e outras maravilhas, os Apóstolos pediram a Jesus “aumenta a nossa fé” (Lc 15, 7). Na metodologia pedagógica deste pedido, certamente, viram Nele algo especial que os poderia amadurecer no que tanto almejavam. Com toda a certeza as maravilhas operadas por Jesus Cristo não só os incentivava a segui-Lo, mas também os proporcionava a princípios seguros de fé para que as dúvidas fossem dissipadas. O respeito e a dignidade de seguir o Mestre convidáva-os a todo o instante a direcionar a atenção nas pequenas e grandes coisas que o Senhor realizava. Desde a simples palavra dita à Samaritana (Jo 4, 34), o ficar na casa de um pecador, Zaqueu (Lc 19, 5), a cura surpreendente do empregado do centurião (Mt 8,5-8.13, Lc 7,1-10), até à ressurreição de Lázaro (Jo 11, 1- 45), contribuiu para um aprimoramento da fé. Por aqui podemos ver o quanto a fé amadureceu ao longo da vida dos Apóstolos. Tanto nos Apóstolos como em nós a fé precisa ser o firme fundamento do que acreditamos, pela absoluta confiança que depositamos em Jesus, em sua Palavra Sagrada, as fontes que o Magistério da Igreja nos proporcionou e proporciona. Nesta fidelidade vivenciamos uma fé que acompanha a absoluta abstinência à dúvida.  Nunca esqueça, você e eu somos os verdadeiros personagens de nossa vida, onde somos chamados a atuar. O que temos à nossa volta pode ser comparado a um anfiteatro. Todas as nossas atitudes são como luzes, que com o brilho da fé iluminam todo o espaço. Todavia, Deus está no comando de tudo. Carlos Drummond de Andrade nos testifica: “A confiança é um ato de fé, e esta dispensa raciocínio”. Jesus diz a Pedro ao lhe estender a mão: “Homem de pouca fé porque duvidaste” (Jo 14, 31).

A fé é como subir uma montanha. Primeiro você olha e vê se tem condições de subir tamanha beleza da natureza. Depois a vontade de alcançar mais uma conquista te faz avançar. Aí começa os primeiros passos de baixo até ao alto. Muitas vezes vem o cansaço e a vontade de desistir, mas a garra de alcançar é mais forte. Jesus é muito claro: “Quem me quiser seguir tome a mão ao arado e mão olhe para trás” (Lc 9, 57-62). Estas palavras nos levam aos grandes momentos de fé que tiveram os mártires, os santos, os missionários, enfim os que tudo deixaram por causa da fé e dos sinais que viram em sua própria vida. Santo Agostinho nos diz: “Só o que faz bem ao homem pode fazê-lo feliz”. Cristão alegre é aquele que tem fé. Quem não cuida da sua fé nunca chega ao destino almejado. Não queiras que tua fé te leve às lágrimas como levou Pedro (Lc 22. 31-34; 54-62). Santo Ambrósio nos consola: “As lágrimas não pedem perdão, mas o alcançam”. A pessoa sem fé, aos poucos, perde a dignidade naquilo que crê. Imagine como ficou o coração daquelas pessoas que viram Jesus multiplicar o pão e o peixe (Mt 14, 13-21; Mc 6, 30-34; Lc 9, 10-17; Jo 6, 1-14). Um sentimento de fé, certamente, percorreu o coração daquele povo. A fé não é para ser guardada com uma herança de estima, mas para ser vivida e multiplicada como fez Jesus. Santo Tomás de Aquino nos diz: “Se a meta principal de um capitão fosse preservar seu barco, ele o conservaria no porto para sempre”. Não tenhas medo de mostrares a fé que tens e Jesus te dará tudo o que pedires (Mt 7, 7). Viva de verdade a tua fé. Pense nisso.

 

Côn. Manuel Quitério de Azevedo
Prof.º do Seminário de Diamantina e da PUC-MG
Membro da Academia de Letras e Artes de Diamantina - (ALAD).
Membro da Academia Marial – SP